A contagem eletrônica de
células sanguíneas nos laboratórios clínicos é obtida em contadores
hematológicos automatizados, que, quando bem calibrados e com o uso de
reagentes de qualidade, fornecem resultados sensíveis, reprodutíveis e
precisos. Sem o auxílio desses aparelhos, os laboratórios seriam incapazes de
analisar eficientemente o grande volume de amostras que recebem diariamente.
Existem no mercado, atualmente, aparelhos das mais diversas marcas, modelos e
tecnologias, mas, basicamente, os contadores eletrônicos se diferenciam entre
aqueles que têm dezoito parâmetros e os que possuem vinte e quatro parâmetros,
sendo que esses últimos oferecem a contagem diferencial de leucócitos.
Nos laboratórios que
utilizam equipamentos de dezoito parâmetros, o indicado é que a microscopia
sempre seja realizada, independente dos resultados do hemograma do paciente. Já
naqueles que utilizam equipamentos de vinte e quatro parâmetros, o exame ao
microscópio é realizado em casos selecionados.
Cada laboratório possui seus próprios critérios para realização da
microscopia, mas na maioria das vezes baseiam-se em idade do paciente (<5
anos e >75 anos), procedência (amostras vindas de hospitais, clínicas
onco-hematológicas, UTI, etc), pedidos médicos específicos (pesquisa de
linfócitos atípicos, esferócitos, monoteste, etc), alarmes nos resultados dos
contadores eletrônicos (flags) e limites de referência dos parâmetros
numéricos.
Embora isso facilite o
trabalho dos profissionais envolvidos nas análises clínicas e considerando ser
impossível a um laboratório, com um número considerável de amostras, verificar
todas as lâminas, ainda não há uma máquina que substitua o olho humano e, por
isso, existe um grande número de alterações que não são percebidas pelos
equipamentos. Essas alterações nem sempre são de importância clínica para o
paciente (por exemplo, a ovalocitose sem anemia e a Anemia de Pelger-Huët) e,
além disso, a maioria das alterações costuma ser acompanhada de indicações
numéricas que são critérios para microscopia. Ainda assim, os profissionais
devem estar atentos, pois existem alguns dados perdidos que teriam grande
importância se fossem notados:
NO ERITROGRAMA:
è Policromatocitose
Principalmente
sem anemia: com hemoglobina próxima ao limite superior de normalidade, é sinal
de anoxemia; próxima ao limite inferior sugere perda sanguínea recente.
è Poiquilocitose
è Poiquilócitos específicos
Esferocitose,
mesmo sem anemia é um diagnóstico relevante, pois explica litíase,
subicterícia, entre outros. A máquina pode notar os poiquilócitos pela elevação
do CHCM. Leptocitose indica doença hepatobiliar.
è Inclusões
(Jolly, pontilhado basófilo, etc)
Corpos
de Howell-Jolly juntamente com acantocitose em pacientes não-esplectomizados,
indicam doença inflamatória do trato digestivo.
è Eritroblastos <5%
è Hemácias em Rouleaux
Indicam
eritrossedimentação elevada.
NO LEUCOGRAMA:
è Desvio a esquerda
Há
flags em 80% dos casos com neutrofilia, mas em menos de 40% dos casos sem
neutrofilia; a anomalia de Pelger-Huët nunca é notada.
è Granulações tóxicas e corpos de Döhle
è Plasmócitos
Juntamente
com os linfócitos atípicos são fundamentais para diagnóstico de viroses.
è Linfócitos atípicos
Há
flags em 80% dos casos com linfocitose, mas em menos de 30% dos casos sem linfocitose
– muitos são identificados como monócitos.
è Linfócitos linfomatosos ou leucêmicos em
pequeno número
Há
flags somente quando mais de 5 – 10%
è Linfócitos com granulações ou
vacuolização anormais.
è Hairy cells
Geralmente
aparecem como monócitos.
NO PLAQUETOGRAMA:
è Agregação discreta
è Satelitismo plaquetário
Há
trombocitopenia sem flag
Esses são apenas alguns
exemplos e, desse modo, é possível verificar que o ganho na precisão numérica
no hemograma veio acompanhada de certo retrocesso na citologia de casos
pontuais. Assim, mesmo não sendo possível a realização e leitura de distensões
em 100% das amostras, as técnicas manuais merecem atenção e devem ser
realizadas ao menor sinal de irregularidades nos resultados fornecidas pelo
aparelho, pois algumas alterações hematológicas só podem ser diferenciadas pela
microscopia. Além disso, os critérios para leitura de lâminas devem ser muito
bem pensados e avaliados, levando-se em conta o perfil dos pacientes atendidos
pelo laboratório.
FONTES:
FAILACE,
Rafael; PRANKE, Patricia. Avaliação dos critérios de liberação direta dos
resultados de hemogramas através de contadores eletrônicos. Revista
Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 26, n. 3, 2004.
FAILACE,
Renato (org). Hemograma: manual de
interpretação. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
SANTOS,
Alessandra P. et al. Comparação entre diversos métodos de contagem diferencial
de leucócitos em pacientes leucopênicos. Revista Brasileira de Hematologia e
Hemoterapia, v. 31, n. 3, 2009 .
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