Autores: Andressa Soares, Camila Justen, Camila Simon, Carla Pause, Daiane Uecker, Paula Perassolo. Tanara Martins e Tanise Lasch
Anemia de Doença Crônica (ADC) é usualmente definida como a anemia que ocorre por distúrbios infecciosos crônicos, inflamatórios ou neoplásicos e, é uma das anemias mais comuns na prática clínica. As doenças de base, que acometem os pacientes, interferem no metabolismo do ferro, na produção da eritropoietina (EPO) e na resposta medular a este, desencadeando a ADC (CANÇADO; CHIATTONE, 2002).
No hemograma, a ADC apresenta-se,na maioria das vezes, como sendo uma anemia normocítica e normocrômica e, geralmente, há uma leve anisocitose indicada por valores alterados do RDW, além do aumento de reticulócitos. O ferro sérico e o percentual de saturação da transferrina apresentarão níveis diminuídos, porém o depósito de ferro medular apresentará níveis aumentados já que existe uma menor resposta dos precursores eritróides medulares à EPO e um desvio cinético do ferro, que ficará retido nos macrófagos, ocasionando a diminuição dos níveis férricos do sangue e aumentando-os na medula óssea (CARVALHO et al., 2006; FAILACE, 2003).
No paciente com ADC, a resposta medular á eritropoiese estará afetada, devido a ativação dos macrófagos e consequente liberação de citocinas inflamatórias, principalmente interleucina1 e 6 (IL-1, IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e interferon gama (INF-γ) que atuam inibindo a proliferação dos precursores eritrocitários e, assim, inibindo a eritropoiese (OLIVEIRA; NETO, 2004).
Na ADC observa-se discreta diminuição da sobrevida das hemácias, porém, o principal mecanismo para o desenvolvimento da anemia resulta da incapacidade da medula óssea em aumentar sua atividade eritropoética suficientemente para compensar a menor sobrevida dos eritrócitos. Isso é devido, basicamente, à ação de citocinas que atuam como supressores da eritropoese (CANÇADO; CHIATTONE, 2002).
Quando no hemograma ocorrerem alterações que levem à suspeita de ADC é importante que sejam realizados exames complementares para investigação da doença de base, inclusive para diferenciar a anemia de doença crônica da anemia ferropriva, que inicialmente pode se apresentar de forma semelhante. Alguns desses exames e os resultados esperados podem ser vistos na tabela abaixo. Isso porque, não existe tratamento para esse tipo de anemia, porém, tratando a doença de base há uma grande chance de se amenizar a anemia ou até curá-la, ao contrário de outros tipos de anemias, que necessitam de interferência terapêutica.
FONTE: CANÇADO; CHIATTONE, 2002.
REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA,Raimundo Antônio Gomes; NETO, Adelino Poli. Anemias e Leucemias: Conceitos Básicos e Diagnósticos por Técnicas Laboratoriais. São Paulo: Roca, 2004.
FAILACE, Renato. Hemograma: Manual de Interpretação. 4ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
CANÇADO, Rodolfo D.; CHIATTONE, Carlos S. Anemia de Doença Crônica. Rev. Brasileira de Hematologia. v, 2. p, 127 – 136, 2002.
CARVALHO, Miriam Corrêa de et al. Anemia Ferropriva e Anemia de Doença Crônica: Distúrbios do Metabolismo de Ferro. Segurança Alimentar e Nutricional, v. 13, n. 2, p. 54 – 63, 2006.
BRASIL, Sérgio. Anemia de Doença Crônica. Disponível em: http://www.chsp.org.br/arquivos/Aula_DrSergio1.pdf
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